quarta-feira, 16 de julho de 2014

Acabado




"Ele se foi, assim como toda a dor que ele havia causado. Doeu mas nada como um dia após o outro.
O cheiro de cigarro ainda está nas minhas vestes e meu cabelo ainda tem o cheiro dele, na verdade, tudo tem o cheiro dele. Acabou, simplesmente acabou. Para ser sincera, acho que nunca foi, era algo platônico, sem sentido algum.
Me lembro dos passeios pelas cidades e das inúmeras noites acordada ouvindo-o cantar enquanto sorria para mim; era mágico. Porém, no outro dia, nada tinha realmente existido - pelo menos, pra ele. Ele não sabia quem eu era e nem o que vivemos... Quantas vezes jurei a mim mesma que nunca mais o procuraria? Nada adiantava, ele sabia onde era o meu café preferido e sempre passava lá, sorrindo daquele jeito que eu detesto. Quando não ia ao meu encontro no café, me esperava na biblioteca aos sábados e cantava algo estúpido pra me fazer rir. Quando ele via que meu coração tinha amolecido, cochichava coisas bobas no meu ouvido com sua voz rouca e pegava um cigarro, se distanciando de mim.
Agora, ele se foi, assim como toda a dor, todos os problemas que ele me causava e todo aquele jeito tão dele. O que resta aqui é seu sorriso - me fazendo odiá-lo por não conseguir detestá-lo."